2010-08-08

Mabor



Por motivos familiares tive que ir até Mabor.
Digo-vos sinceramente que não sei como e que as pessoas desta cidade, será que posso chamar Mabor de cidade, uhhhhhhhh, não sei.
Lá tive que apanhar um azul e branco até Cuca, de Cuca até igreja e depois até Imbodeiro.
Deus andar desses transportes e definitivamente a melhor forma de circular em Angola, ok, tens que aguentar a musica alta dos motoristas as gritarias dos cadogueiros,os apertos e ter cuidado com os ladroes mas fora isso até que é giro.
Lá tive eu ficar em Mabor durante 3 dias e por minha desgraça, choveu.
A chuva, a chuva pode ser uma bênção em qualquer parte do mundo mas em Angola só causa transtornos.



As ruas ficaram intransitáveis, o transporte que antes era 100kz agora era 200kz ou até mais dependendo do motorista.
Em Angola não existe tarifa de transporte fixa em tempo de chuva, nesta altura cada um cobra da forma que quiser e ser o utente quiser utilizar transporte têm que sujeitar-se.
Durante os 3 dias não sai de casa dos meus familiares, só ia até ao quintal abria o portão grande e espreitava para rua, as pessoas andavam com as calças todas arregaçadas e com a mata cobras (galochas).
Lá estava eu presa, sem poder ir a lugar nenhum, mas pelo menos estava seca e bem, na rádio e na televisão só ouvimos notícias e que casas ficaram destruídas e levadas pelas chuvas. A rua no meu ponto de vista, Africano ou Europeu, tendo em conta de passei mais tempo da minha vida na Europa estava intransitável, intransitável pelo menos para mim.
Mas mesmo assim as pessoas continuavam a passar, a ir a vir, atravessado aqueles lagos, de lama, e de outras coisas.
Eu nem quero pensar nos micróbios, nos perigos que aquelas águas paradas tinham para a saúde pública, mas mesmo assim eles não ligavam e continuavam com a sua vida diária.



Eu só saí passado uma semana, e mesmo assim foi com as janelas do carro fechadas, por causa do mau cheiro que reinava na rua, desculpem mas há coisas do qual nunca me poderei habituar de África e de qualquer outra parte do mundo, os cheiros, os cheiros por vezes nauseabundos, alias desde que trabalhei em Lisboa em atendimento ao público e apanhava com cada pessoa por vezes mais mal cheirosa, fiquei com um nariz muito sensível, a serio, não estou a brincar.
O meu pobre nariz ficou com calos por causa dos maus cheiros, como dizia uma colega de trabalho minha.
Desde aí sempre que vou a algum sítio ou a casa de alguém se o cheiro não me agrada, arranjo sempre uma desculpa para sair dai o mais rapidamente possível ou as pessoas que se sentam ao pé de mim, levanto-me logo e mudo de lugar, por isso gosto de ir sempre a janela.
Agora lá estava eu em Mabor presa em casa de familiares a cidade toda com um cheiro insuportável as ruas destruídas, as estradas, que estradas, quando chove aparecem crateras as estradas desaparecem, são só buracos, buracos e mais buracos….aí a minha vida.
Cada vez que olhava para fora, com os balanços do carro só rezava para chegar a casa, o meu quarto, a minha privacidade, o bom cheiro.
Por isso compreendo perfeitamente porque os Angolanos preferem a estação seca do que as chuvas, please, prefere mil vezes o pó, as chuvas.
Pelo menos pego no lenço e tapo a cara e ninguém olha para mim como se estivesse com mania de gente fina.
Com tudo isso posso vos afirmar que quem vive em Mabor, Imbodeiro, SerMandó, são corajosos, porque passam por muitas dificuldades, além da falta de água e da electricidade que já nem se fala, porque tornaram-se coisas do dia-a-dia tão normais como o acto de respirar, da minha parte envio-vós um grande abraço e quiça um até já.


Fotos By Lisluakin

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